Hoje, 08 de julho, é o Dia Nacional da Ciência e o Dia Nacional do Pesquisador(a) Científico. A Universidade Federal de Jataí tem inúmeros pesquisadores e pesquisadoras, que atuam em diversas áreas do conhecimento.
Neste ano, docentes vinculados ao Instituto de Ciências da Saúde e ao Instituto de Biociências da UFJ conquistaram R$ 90.000,00 (Noventa mil reais) em recursos para o desenvolvimento de pesquisas com Cannabis Medicinal. Os projetos foram cadastrados no Programa de Auxílio à Pesquisa em Cannabis Medicinal da FAPEG (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás).
O professor Rafael Menezes da Costa, do Instituto de Ciências da Saúde, está pesquisando o uso do canabidiol como terapia anti-hipertensiva, ou seja, tratamento para pressão alta, na pré-eclâmpsia, buscando soluções para a saúde materno-infantil.

Já a professora Mônica Rodrigues Ferreira Machado, do Instituto de Biociências, vai estudar o Danio rerio (peixe-zebra) como modelo alternativo para analisar os efeitos farmacológicos da cannabis medicinal no tratamento de epilepsia.
Os estudos estão sendo realizados com o composto Canabidiol, que já é utilizado em outras medicações. Os pesquisadores têm todas as documentações e autorizações necessárias, inclusive da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), para adquirir, armazenar e manusear o produto.
Canabidiol como terapia anti-hipertensiva na pré-eclâmpsia
Uma complicação bem comum em mulheres gestantes é o aumento da pressão arterial. A pré-eclâmpsia é um problema considerado grave pelos médicos e que, geralmente, surge após as 20 semanas de gravidez. A doença pode comprometer orgãos como fígado, rim, pulmões e até o cérebro.
“Nem todas as classes de medicamentos para controle de hipertensão arterial podem ser utilizadas para o tratamento da pré-eclâmpsia, por conta dos riscos em relação à formação do bebê. Sendo assim, temos o propósito de investigar novas possibilidades de terapia que trariam benefícios durante a gestação e diminuiriam, por exemplo, a possibilidade de morte materna ou de morte fetal provocadas pela doença”, explica o professor Rafael Menezes da Costa.
Durante a pesquisa de uso do Canabidiol como terapia anti-hipertensiva na pré-eclâmpsia serão realizados diferentes testes de concentração e uso para chegar a resultados que não tenham prejuízos para a mãe e para o bebê, principalmente do ponto de vista de formação do feto.
“Neste caso específico vamos usar ratos. Vamos desenvolver um modelo de pré-eclâmpsia nesses animais e começar o tratamento. A partir daí, vamos monitorar a pressão arterial das roedoras durante todo o período de gestação. Ao final iremos avaliar a formação do feto, verificando se essa cria nasceu de forma saudável, além de acompanhar o desenvolvimento desse animal pelos próximos dois ou três meses, para verificar se não tiveram alterações”, complementa o professor Rafael.
Peixe-zebra como modelo alternativo para analisar os efeitos farmacológicos da cannabis medicinal
Ao longo dos anos, o canabidiol tem sido estudado como tratamento para a epilepsia, principalmente nos casos em que os medicamentos convencionais não apresentam resultados satisfatórios para o controle das crises convulsivas.

“Em alguns pacientes a epilepsia é refratária à medicação. Isso significa que os medicamentos normais, como por exemplo os benzodiazepínicos, não têm efeito algum sobre o paciente que tem o problema. Nesse sentido, a cannabis já se mostrou como um potente anticonvulsivante”, pontua a professora Mônica Rodrigues Ferreira Machado.
O projeto de pesquisa vai associar o uso do canabidiol a outras duas substâncias, buscando reduzir as concentrações de canabidiol. Os estudos vão ser realizados com o peixe-zebra, que tem as estruturas anatômicas que formam o sistema nervoso central semelhates às estruturas humanas.
“Queremos associar o canabidiol, que é um inibidor da convulsão; o extrato de pequi que tem uma ação potente na manutenção e sobrevivência dos neurônios; além da melatonina, que é um potente antioxidante. E vamos usar o peixe-zebra nos estudos, porque as respostas fisiológicas dos neurônios são muito parecidas no peixe-zebra e em humanos”, detalha a professora Mônica.
O objetivo da pesquisa, usando essas substâncias associadas, é reduzir a quantidade de convulsões e diminuir os danos neurais que ficam depois dos processos de convulsão. Usando o peixe-zebra como modelo alternativo para análise desses efeitos farmacológicos, o propósito é tornar viável que, futuramente, as substâncias sejam utilizadas em seres humanos.
“O peixe-zebra já é reconhecidamente um modelo alternativo para estudo de processos de convulsão. Chamamos de modelo translacional, o que significa que existe a possibilidade de converter os resultados das pesquisas em produtos que de fato vão beneficiar os seres humanos”, finaliza Mônica.
Reconhecimento aos pesquisadores e pesquisadoras da UFJ
Em junho, onze pesquisadores e pesquisadoras da Universidade Federal de Jataí foram homenageados em Goiânia, durante uma solenidade realizada na Assembleia Legislativa do Estado de Goiás (Alego). A cerimônia foi em celebração ao Dia Nacional do Pesquisador(a) e ao Dia Nacional da Ciência, comemorados nesta terça-feira, 08 de julho. As pessoas homenageadas receberam certificados de mérito legislativo.
Confira a reportagem sobre a cerimônia: Pesquisadores da UFJ são homenageados na Assembleia Legislativa de Goiás
Por: Tássia Fernandes – Secom/UFJ